segunda-feira, 29 de abril de 2013

{Des}ordem

Mudanças são difíceis. São necessárias e dolorosas. Mudanças causam desconforto mesmo quando acontecem para melhor. São processos de desapego e troca. As mais complexas são aquelas que acontecem dentro de cada um. Porque até as mudanças de lugar exigem antes uma mudança interna. Somos, por natureza, agregadores. Somos acumuladores. Acumulamos bens, lixos, sentimentos, relações. E quando é preciso mudar nos vemos mergulhados em um emaranhado de coisas inúteis que estão ali pelo simples fato de não termos mexido nelas. E é aí que percebemos o que, ao longo de tanto tempo, não quisemos nos ocupar. Certa vez vi um japonês especialista em alguma coisa que eu não lembro, defendendo uma teoria muito interessante. Pena que não colocamos em prática cotidianamente. Ele dizia que fazer bagunça é perda de tempo, porque em algum momento, as coisas terão que ser arrumadas, então é mais fácil colocá-las sempre em seus devidos lugares. Tão ridículo quanto genial! Tenho certeza de que se fizéssemos disso um hábito, guardaríamos muito menos coisas imprestáveis. O mais absurdo disso é que sabemos o quanto estes objetos nos são inúteis. Porque se valessem alguma coisa já os teríamos trocados por algo que realmente tivesse sentido. Então, por que não os jogamos na lixeira sem dó nem piedade? Acho que temos preguiça de pensar. Vivemos tão focados em coisas que julgamos importantes, que pensar naquele folheto do supermercado nos parece sem razão. E aí, ele fica ali, em cima da mesa ou em um canto qualquer, até o dia em que nos munimos de força de vontade, tempo e uma boa dose de tédio para,enfim, descartá-lo. Se todos os acúmulos que carregamos conosco fossem folhetos de supermercado nem seria tão grave. Os piores tipos são aqueles que não vemos. Não têm uma forma física, não ocupam espaço em casa, mas têm um peso tão grande que são capazes de nos manter imóveis, tamanha dificuldade de nos movermos para além deles. São os acúmulos de relações frustradas, sentimentos negativos e tarefas inacabadas. Por que estes são pesos tão difíceis de tirar dos ombros? Como são muito grandes, vão descendo pelas costas e percorrendo todo o corpo, até chegarem nas pernas impedindo que estas caminhem livremente. É assim que acontece. E da mesma forma que os entulhos que podemos tocar, os intangíveis vão entrando em nossas vidas, endurecendo os músculos e tornando a visão de um céu azul em tenebrosas nuvens de chumbo. Não é de uma hora para a outra, mas como estamos voltados para as "questões nossas de cada dia", vamos deixando a porta aberta, permitindo que isso aconteça. Por isso, quando decidir pela mudança, comece pelas pequenas. Aos poucos provocará uma grande mudança. E se for preciso optar por uma que seja mais radical, não se esqueça antes de se desvencilhar daquilo que não serve.
A vida não precisa de mais peso. O alívio que se sente quando nos livramos do que já não cabe mais em nós é sem tamanho.

Livre-se e seja livre!

Até breve.

sábado, 27 de abril de 2013

Adultos são chatos...

Adultos são chatos. Os que não são é porque conservam a alma infantil. Adultos são responsáveis, sensatos, sérios, maduros. Ou deveriam. Quando nos tornamos adultos? Será quando casamos ou saímos de casa? Quando deixamos de ser filhos para sermos pais? E que espécie de adulto somos quando nos recusamos a crescer? Problemáticos, diriam os especialistas. Crescer é inevitável. Somos arrastados pelas mudanças e se nos desviamos delas na próxima esquina elas nos atropelam. Não tem jeito. O destino de uma criança feliz é se tornar um adulto chato. Bom mesmo é ser adolescente. Nem lá, nem cá. Pena que eles não saibam disso. Ser adolescente é ter uma energia inesgotável, um futuro infinito, uma imortalidade momentânea. O adolescente pode tudo, e o que ele não pode, ele dribla. Ser adolescente é ter uma capacidade imensa de rir da vida, de dar de ombros para os conselhos dos mais velhos, é achar que nada o atinge. Eles são capazes de mergulhar de cabeça tão intensamente nas coisas que isso lhes permite declarar estar em um relacionamento sério quando este tem apenas uma semana de vida. E assim será, até o próximo relacionamento sério. O que, para eles, nem é constrangedor!
Faço questão de, dentro da minha chatice de adulta, conservar alguns hábitos que mais se parecem com os de uma adolescente. Talvez o intenso contato que mantenho com eles me facilite. Continuo cantando muito, sobretudo enquanto dirijo, e nem me importo se passo como louca que fala sozinha. Rio mais do que a maioria das pessoas que conheço. Choro na mesma proporção. Falo o que penso, ainda que com jeitinho. Gosto de piadas bobas, seriados de TV, deitar na cama e não fazer nada por uma tarde inteira e me sentir ótima com isso. Tenho mania de achar que dou conta de tudo, que está tudo errado em volta, que os romances são tudo o que realmente importa na vida. Aliás, a palavra "TUDO" deve ter sido inventada por um adolescente, afinal, os extremos fazem parte dessa etapa. 
Não posso negar que tenho meus momentos adultos. Sou obrigada a tê-los. Não gosto, mas tenho. Trabalho, respondo por meus atos, cuido de outras pessoas. Preciso ser mais que adulta em certas situações. Essa é a vida. 
Que possamos então ser adultos com uma alma mais colorida. 
Que no fim de semana possamos tirar a fantasia e voltar a ser docemente irresponsáveis.
Que o mundo seja cada vez mais repleto de crianças e que os problemas nos deem as costas.

Que seja agora! Que seja sempre...

Até mais.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Muito além das listras brancas...

Há tempos venho observando. A vontade de escrever sobre o assunto não é de hoje. Estou falando dos pedestres quando atravessam na faixa. Tudo bem que essa história de usar a faixa de pedestres da forma adequada é recente no país. Até pouco tempo atrás, as notórias listras brancas no asfalto cinzento eram tão somente uma decoração. Mas foi então que de uns anos para cá os brasileiros descobriram porque elas estavam ali. E começaram, então, a se adaptarem à sua função de sinalizar para quem queria cruzar para o outro lado da rua. Há quem pense que a travessia é simplesmente um andar para a margem oposta, mas não é bem assim.
Para quem não sabe, os motoristas só tem obrigação de parar para os pedestres em locais onde a faixa fica distante dos sinais de trânsito. Quando a faixa se localiza abaixo do semáforo é necessário esperar até que este sinalize que o caminho está fechado para os carros. Entretanto, há pedestres que pensam que bastou colocar o pé na faixa e todos se congelam esperando o seu lento caminhar. 
Mas o meu assunto aqui não é analisar o comportamento politicamente (in)correto do trânsito. Estou falando mesmo é de como as pessoas atravessam a faixa. Muitas vezes estamos tão absorvidos pelo excesso de coisas que não prestamos atenção, mas chega a ser hilário em alguns casos. Tem o pedestre tímido que é aquele que atravessa de cabeça baixa, com vergonha de estar em evidência enquanto carros de um lado e de outro param para admirar sua caminhada. Tem o "calouro do Chacrinha", que é aquele que levanta os braços e acena festivamente para os carros parados como se estivesse entrando no palco pra cantar alguma música brega. Tem o pedestre "celebridade" que aproveita os seus 15 segundos de fama para caprichar no desfile. Tem o indeciso que, mesmo com os dois lados parados e esperando por ele, fica pensando se deve mesmo ir. Tem o prepotente que empina o queixo e, antes mesmo do carro parar, já começa a travessia com ar de superioridade, de que é obrigação do motorista dar passagem a ele. E só para finalizar, tem o pedestre "facebook" que ao caminhar sobre a faixa dispara um "curti" com a mão em sinal de agradecimento. Fico pensando, quando atravesso, qual destes tipos sou eu quando exposta à mesma situação. Sim, porque mesmo estando a bordo de um carro na maioria das vezes e parando para estes pedestres inusitados, em alguns momentos eu também estou do lado de lá. Vai saber o que os motoristas da vez estão pensando sobre mim?
(...)
Aposto que depois de ler este texto você também começará a prestar mais atenção nas pessoas quando atravessam a faixa de pedestre. É uma diversão!

Até.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Um dia estranho

Alguns dias são simplesmente estranhos. Nem sempre os motivos que os tornam assim são nítidos. Eles simplesmente são. De modo geral a resposta está muito mais dentro de nós do que fora. Por que permitimos que isso aconteça? Talvez porque ficar sempre feliz exija um esforço sobre-humano. Talvez porque nosso organismo precise de uma certa dose de introspecção para não sair voando e cometendo loucuras eufóricas por aí. Talvez ainda porque o estranhamento vez por outra contribua para nos desvencilharmos da mesmice nossa de todo dia. Na verdade estes dias são chatos. E a chatice é tão forte que dificilmente algum acontecimento legal tenha vez nesse período "das 24 horas esquisitas".
Os dias estranhos são aqueles em que não vemos graça em muita coisa, a paisagem se reveste de cinza e uma chuvinha passa a ser até providencial para completar o cenário. Afinal, dia estranho e céu azul não combinam!
O perigo de um dia assim é ele ser seguido de outro e outro e outro dia estranho. Há pessoas que vivem assim. Eu só me permito viver um desses de vez em quando. Hoje é um deles! E olha que até começou com a promessa de ser mais um dia legal como tantos outros, mas não foi. Ele passou por mim e eu deixei. Eu não fiz qualquer esforço para que ele não tomasse conta de mim. Eu apenas deitei na minha cama e deixei. Não dormi, não saí, não me diverti. Eu tão somente permiti que este dia estranho se instalasse. 
Definitivamente não é agradável viver um dia assim, mas ele serve para que possamos dar mais valor à normalidade tantas vezes vista como "incômoda". Aí vemos que o habitual às vezes é melhor do que o extraordinário. Vemos que não receber notícias às vezes é tudo o que precisamos. Vemos que chegar à exaustão de tanta atividade é melhor do que não ter nenhuma. 
Às vezes a rotina é a melhor forma de entender o quanto se é feliz!
Mas hoje é só um dia estranho... 
Amanhã tudo volta ao normal...

Ainda bem!

Até amanhã.


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Cravo e Canela

O outono finalmente chegou. Para ser mais correta, já se vai quase um mês. Há quem torça o nariz só de pensar no tempo esfriando um pouquinho. Eu, do meu lado, não vejo a hora para que isto aconteça. Sou do tipo que acredita que cada coisa tem seu tempo. Que há momento para o frio, assim como para o calor. Há o momento do agito e o da calmaria. Não podemos negar que as pausas e mudanças são necessárias para tudo. Sou mais adepta das baixas temperaturas, mas confesso que um dia mais quentinho de vez em quando é bom para dar um descanso. Depois o termômetro pode despencar novamente.
A ebulição do verão ganha aconchego no frio que embala as noites de outono. Se o calor é micareta, o frio é música clássica. O calor é efervescente, colorido, barulhento. O frio, paz e tranquilidade. O calor é desapego. O frio é abraço. No verão ficamos expansivos, alegres, exuberantes. Já no outono nos permitimos a intimidade, o envolvimento.
É no outono que experimentamos as longas conversas banhadas a meia luz, em torno de algo que aqueça, conforte e agregue. É também nesta época que nos alimentamos, por dentro e por fora, nos preocupando muito mais com o conteúdo do que com a embalagem. Só na primavera nos daremos conta dos estragos provocados. No tempo do frio não nos importa esculpirmos nossos corpos. Parece que resgatamos a nossa essência mais "encorpada" de outras eras. Somos um pouquinho mais "nós mesmos" e menos "os outros". No frio estamos mais fechados para as novidades, mas consolidamos nossas ideias. Se as paixões são mais evidentes no calor, é no frio que os grandes romances florescem. O outono é a cara do amor. Não é a toa que o dia dos namorados é nesta estação!
Esta semana o ventinho gelado começou a dividir a paisagem com o céu incrivelmente azul.Típico da época. Como são lindos os dias do outono! Como são indescritivelmente envolventes! Sinto como se a natureza convidasse à contemplação. Uma pequena parada para admirar as tardes lindas e frias que o tempo seco produz.  As noites, cada vez mais longas, remetem ao repouso necessário para a próxima floração. É tão insano quanto inútil fugir dos sinais que a natureza nos dá. É o ciclo da vida! Animais e plantas respeitam isso muito mais do que nós. Logo os seres humanos, tão evoluídos, não conseguem perceber o que há de mais essencial!
Por isso, no frio, curta o que ele tem a oferecer!
Durma, coma, crie, aconchegue, contemple, fortaleça, compartilhe, abrace, sinta, veja, amadureça, viva e aproveite...
...depois o verão chega novamente!


Ps.: O titulo? O cheiro e a temperatura do outono me reportam a Cravo e Canela. Delícia!

Até!


quinta-feira, 11 de abril de 2013

Apenas mais uma de amor...

Gosto de quem me faz rir. E olha que isso nem é difícil! Pessoa de riso fácil como sou, posso concluir, a partir disso, que gosto de muitas pessoas. Em geral as faço rir também. E como isso é fantástico! Não sei se é melhor fazer rir ou simplesmente dar gargalhadas com as coisas mais banais da vida.
Em um homem o senso de humor é das coisas que mais aprecio. Claro que não posso deixar de mencionar a inteligência, mas já ouvi dizer que eles andam de mãos dadas. Algo como ser preciso ter inteligência aguçada para tornar as coisas simples, engraçadas.
Meu amor é alguém que me faz rir. Não sei se lamento por ele não mostrar muito isso por aí ou se me sinto privilegiada por ser brindada com suas "palhaçadas". Sim, ele é do tipo que faz essas coisas. Costuma me dizer que faz isso para mim porque eu rio. Precisa de plateia para que a coisa aconteça! E eu rio mesmo... ah! Como eu rio...
Meu amor também é tímido. Não é dado aos grandes agradecimentos, elogios ou declarações explícitas de amor e admiração. Talvez preferisse até que eu não escrevesse nada disso. Mas se deixo de fazê-lo, deixo um pouquinho de ser eu também. E, sinceramente, acho que no seu silêncio interior, se saber amado, se saber descaradamente amado é se sentir especial de certa forma... no fundo, acho que ele gosta!
Talvez eu faça o que gostaria que ele fizesse. Não sei explicar o que me fez  vir até aqui dizer estas palavras, mas senti uma irresistível necessidade de dizer ao "mundo" que o que vivo é real. Que é possível ser feliz de maneira simples. É possível ser feliz todos os dias, ainda que não o dia todo. É possível querer acordar ao lado da mesma pessoa para sempre, ainda que as contrariedades surjam aqui e ali. É possível sentir-se apaixonado por mais tempo do que acreditam as pesquisas. Vim dizer que é permitido sonhar com o real e que o possível nem sempre é se contentar com pouco. Às vezes, o possível é providencial.
Sonhamos com a perfeição, mas é a imperfeição que torna as relações desafiadoras e, por isso mesmo, deliciosas. Perfeição é coisa pronta. Gosto dos processos. O resultado é consequência.
Meu amor é alguém que me acolhe e me lança ao desconhecido quando percebe que uma coisa é mais importante que a outra naquele meu momento. Talvez saiba mais de mim do que eu mesma. Talvez eu seja um pouquinho mais eu quando estou com ele. Talvez porque veja nele o espelho de mim. Nem sempre a imagem é nítida, mas se olhar atentamente posso identificar muito de mim naquele que é, por isso mesmo, tão diferente.
Por este texto posso concluir que gosto de quem me faz rir, de quem não se expõe gratuitamente, gosto de quem me acolhe e me desafia.

Gosto de quem me traz tudo isso...

Ainda bem que ele também gosta de mim!

Até.


domingo, 7 de abril de 2013

Querido diário!

Nunca pensei que o blog me seria útil para isto, mas acabei de me dar conta de que ele serve como um registro da minha história. Sim, um diário eletrônico que mostra não só as coisas que eu vivo a cada texto, mas um resgate de quem eu era tempos antes. De vez em quando dou uma olhada nos arquivos em busca de algum post esquecido, algo que eu gostaria de compartilhar novamente, experiências que foram descritas de maneira interessante ou até mesmo a memória sobre algum assunto já falado. Houve um tempo em que eu me recordava facilmente de tudo o que era escrito aqui. Hoje isso já não é mais possível...
Fazendo uma busca, resolvi voltar ao dia 07 de abril de 2012, ou seja, exato 1 ano atrás. Quem era eu naquele momento? O que havia acontecido recentemente na minha vida e o que, afinal, eu tinha para contar? Descobri uma pessoa feliz, de bem com a vida, cheia de alegria. Muito diferente de hoje? Acho que não, mas certamente a minha vida mudou muito de lá para cá. Quantas coisas aconteceram? Quantas novas expectativas foram criadas e vêm sendo concretizadas desde então!? Tive momentos bons e outros nem tanto... coisas da vida. Conheci gente nova, novos lugares, venci meus medos, me testei, reformulei antigas crenças. O saldo, certamente, foi muito positivo!
Naquela ocasião, há um ano atrás, eu havia acabado de assistir a um filme que me inspirou e me encheu os olhos de belas imagens. Eu celebrava a sensação de bem-estar e relatava o quanto estes pequenos momentos me traziam novas forças. Descrevi um mundo ingênuo e cor-de-rosa, onde o que valia era a delicadeza da fantasia e não a crueldade da vida real. Percebo hoje que a minha visão do mundo, que insisto em manter mais coloridinha do que cinza, permanece igual. Vejo que apesar de qualquer tristeza, a alegria prevalece e insiste em fazer sua casinha por perto. Ainda acredito nos contos de fadas, nas princesas (que me recuso a ver apenas como carinhas bonitas e alienadas), nas histórias de amor e que o bem sempre vence no final. Acredito que "o beijo de amor verdadeiro" é mesmo a coisa mais poderosa do mundo!
Engraçado que o texto do ano passado finalizava falando do filme "Encantada", que eu já assisti milhares de vezes e adoro cada vez que o faço. Coincidentemente (ou não!) este filme passou novamente na televisão hoje. Considerei um presente do "acaso" para mim... talvez para me dizer que não importa o que haja, existe um monte de motivos para acreditar que dias melhores sempre vêm e que o amor e a alegria devem ser os combustíveis que movem os nossos dias. 
Assim como há um ano atrás, certamente o restinho deste domingo ficou mais leve... 

Desejo uma delícia de semana para você que está lendo este texto!

Até breve!

Ps.: O texto de 07 de abril de 2012 chama-se "Bem-estar-bem!" 

terça-feira, 2 de abril de 2013

My romance...

Nunca me considerei uma pessoa romântica. Para minha surpresa, certa vez, uma pessoa que dizia saber ler mãos me disse o contrário. Ao ver não sei o quê na minha mão, disse ela, categoricamente, que isso estava muito claro. Desconsiderei na hora, afinal, eu não me via assim. Hoje, muitos anos depois, acho que ela estava certa. Eu sou uma pessoa romântica. E que mal há nisso? O que havia de tão vergonhoso em se render ao amor? Não sei... apenas mais um dos muitos enganos da juventude, provavelmente!
Eu me derreto ao ver declarações explícitas de amor e me pego desejando que o mesmo me aconteça. Gosto de rosas, de surpresas, de manifestações de afeto. Acho lindo quando um homem demonstra à sua cara metade os seus sentimentos. Aliás, o termo "cara metade" já é característico de quem pensa de forma romântica! (A quem eu queria enganar? rs)
Fico tocada ao ver pessoas improváveis formarem casais de uma vida inteira. Pessoas que tinham tudo para levar uma vida sem vínculos ou desdenhar dos "caprichos do coração" se entregam a viver uma relação onde o que importa é a cumplicidade e o companheirismo, seja na loucura própria de cada um. Dia desses  vi o vocalista do "The Cure" falar do seu casamento de algumas décadas com a mesma mulher... quem poderia imaginar que um cara com visual absolutamente alternativo, que faz um som igualmente incomum pudesse ser assim?
Acho lindas as loucuras por amor. Não do tipo Romeu e Julieta que são muito mais chegadas a tragédias gregas do que a histórias românticas. Falo das grandes manifestações, das mobilizações gigantes para fazer um pedido de casamento ou pelas singelas mudanças de rumo na própria vida para compartilhá-la com alguém.
Gosto do amor que é simples exatamente porque genuíno. Gosto dos romances doces e tantas vezes colocados em segundo plano por não serem reais. Quem inventou, no entanto, que tinha que ser real? Que se conserve como sonho, como encantamento que não cabe no cotidiano, como cheiro de novidade. Que seja lindo, que seja feito de breves momentos, mas que seja capaz de tirar do ensimesmamento, porque de realidade estamos cheios!
Que seja perfeito porque visto desta forma. Que seja luminoso! Que seja capaz de iluminar...
Sou romântica sim, e do pior tipo... do tipo incorrigível...
Ainda bem!

Até o próximo sonho.