segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Por um instante...

O que cabe em um instante? Tudo. Desde que recortado em minúsculos fragmentos de tempo.
Imagem, som, cheiro, sensação... um instante pode conter tantas coisas quanto puder acontecer.
O instante de um abraço traz entre o espaço dos corpos o calor e a energia que se deseja passar ao outro. Pode durar segundos ou minutos dependendo de quem abraça e do que se quer dizer.
O instante de um rodopio contém o vento que resulta do movimento, o barulho do giro, a tontura leve da brincadeira. Tem cheiro o rodopio. Cheiro de folha.
O instante em que se suspende a criança ao colo carrega a alegria da risada infantil, o afeto de quem a acalenta, traz em si o impulso de subir. É morno como as mãos que dão suporte ao corpo sustentado no ar. A criança, por sua vez, sente o instante do voo. Aquele segundo exato em que sai do chão e gira com as pernas esticadas até alcançar o corpo que a segura.
O instante do tempo é o que nos cabe. É neste segundo, ou fração dele, que se pode decidir tantas coisas quanto nos parecem necessárias. Um instante divide a vida da morte. Não mais que isso.
A soma dos instantes é o gerúndio da vida. Um instante que se segue de outro e outro e outro até formar uma cena completa.
O estouro de um balão, o aroma repentino do café da casa vizinha, o toque de uma melodia que nos transporta para outra dimensão. Tudo é feito de instantes...
É apenas em um instante que ficamos entre a ignorância e o conhecimento de qualquer coisa. O tempo que precede a notícia se cobre de expectativa anunciada ou de leve displicência. O corpo, antes mesmo de ser inundado de som, de ser cuidadosamente afetado através dos ouvidos, pressente o novo. Bom ou ruim. Mas após o ocorrido, já nem nos lembramos mais dos sentimentos anteriores. Tudo agora é digestão.
O nascer do dia acontece em um instante. Ou vários. O apontar do sol, a percepção da retina, o despertar para uma nova oportunidade de viver outros tantos instantes. Cabe em um instante também o som da aurora. 
Se ficarmos atentos, perceberemos que a vida passa em câmera lenta. Parece que ela está em um turbilhão de acontecimentos velozes. Mas não se pensarmos no instante. Este segue vagarosamente seu rumo. Preciso, lento, detalhado, único. O instante não volta, tampouco se apressa.
(...)
Enquanto escrevo este texto milhares de instantes passaram e foram percebidos por todos nós de maneiras distintas.
O instante é tudo o que temos... Urgente, imediato...
ES-PE-TA-CU-LAR!

Até...

domingo, 29 de setembro de 2013

Só e bem acompanhado!

O que você sente quando vê alguém sozinho fazendo um programa que "deveria" ser coletivo? Pena, tristeza, medo de pensar se isto acontecesse com você? Há quem admita que não faz determinadas coisas sem companhia, mas a maioria das pessoas diz que não vê problema nisso. No entanto não costuma colocar a ideia em prática.
Dia desses eu saí sozinha. E não foi a primeira vez. Não estou falando de ir a um evento onde você encontrará outras pessoas conhecidas. Estou falando de sair e voltar para casa tendo como companhia apenas você mesmo! Se pudesse resumir em uma palavra esta sensação, seria como "libertador". É triste depender de outras pessoas para tornar o seu dia mais significativo. Como disse o poeta "É impossível ser feliz sozinho". Concordo em gênero, número e grau, mas em lugar nenhum ele disse que isto dizia respeito às 24 horas do seu dia. Na minha compreensão, isto faz referência a uma vida solitária e não a uns poucos momentos de uma solidão requerida.
Se você que está lendo agora faz parte do grupo que se compadece de quem sai sozinho e sem rumo por aí, saiba que a solidão está muito mais dentro de nós mesmos do que no mundo do lado de fora. Prega a outra máxima, que a sua melhor companhia é você mesmo. Se nem eu gosto de estar comigo, quem irá? É claro que ter com quem dividir as emoções e experiências, rir das coisas que acontecem ou tecer um simples comentário sobre o que se vê fazem parte da tarefa social de se mover para fora dos limites de casa, mas a grande questão é: Até que ponto se deixa de viver um pouquinho a cada dia pelo simples fato de não ter alguém para dar o braço?
Na minha trajetória já experimentei ir sozinha ao cinema, a um show, ao shopping, museu e parque. Já andei sozinha de patins, bicicleta e corri. Já sentei em um jardim para ler, já sentei em um banco para observar os pedestres, já caminhei por aí. Acredite! Sair sozinho é a melhor oportunidade de se conectar consigo e com seus pensamentos. Tomar a iniciativa de começar uma jornada (seja ela qual for!) por conta própria dá a sensação de que se pode tudo, se pode qualquer coisa.
A solidão é uma questão de estado de espirito e não de número de pessoas. É possível estar em uma multidão e se sentir a pessoa mais solitária do mundo, quem nunca ouviu isso? Ser solitário é não ter com quem contar, é não ter com quem dividir as alegrias e angústias, e se sentir mal sendo assim. Solitário é o rabugento, o que está sempre de mal com a vida, o que prefere o cinza aos dias de sol. Ser solitário depende de cada um. Depende de como se vê o mundo, os problemas e as adversidades. Porque ser solitário é não compartilhar das belezas da vida e das pessoas a despeito de seus erros e defeitos.
Ser solitário é isso! Curiosamente é quase a mesma palavra que solidário! O engraçado é que se aquele promove o isolamento, este agrega!
Se você é o tipo de pessoa que sente solidão, procure desfrutar da sua própria companhia. Invista em você mesmo. Entenda que você é avulso e independente, não sozinho!
Tenho certeza de que os seus momentos nunca mais serão vistos da mesma forma. Sejam eles sós ou acompanhados!


Até breve...

domingo, 15 de setembro de 2013

Cabeça vazia...

"Cabeça vazia, oficina do diabo!" Minha avó dizia isso. Quando era mais jovem não entendia muito bem o que isto representava. Na verdade, a frase em questão quer dizer mais do que o seu simples significado. Além do sentido em si, entra em questão a crença, a espiritualidade. Se você não acredita no divino, não acredita, igualmente, naquilo que não é! Aí, entra uma outra frase dela, minha avó: "A maior façanha do diabo é nos convencer de que ele não existe". Mais uma daquelas frases que eu não alcançava o significado. Com o passar dos anos, a vida adulta, as preocupações, os medos e problemas me fizeram compreender as colocações da minha avó. E em cada momento que eu me pego pensando bobagens, criando confusões onde não existem, ou me sentindo fraca sobre as coisas que preciso decidir, eu me lembro destas frases. E aí, faço uma oração (qualquer uma!), procuro perceber porque me sinto deste jeito e, aos poucos, vou me desfazendo do meu incômodo! Por que isto acontece? O que isto tem a ver com as frases no começo do texto? É simples! Todas as vezes que você deixa sua cabeça sem ocupação dá espaço para o mal se aproximar. Temos tanta consciência de nossa fragilidade humana que vivemos em uma corda bamba. Isto nos torna suscetíveis à toda sorte de acontecimentos. É mais fácil povoarmos nossa cabecinha com maus pensamentos do que bons, porque sabemos que em algum momento seremos surpreendidos por alguma coisa ruim, e não queremos isso! O único antídoto para isto é ocupar o tempo. Não estou falando de se entupir de trabalho, até porque canalizar toda a energia em uma coisa só também é sinal de que algo não vai bem! Mas manter a mente ocupada com coisas produtivas, e que trazem prazer, é fundamental para não permitirmos que os pensamentos negativos se instalem. Segundo a crença da minha avó, que também é a minha, isto é o diabo agindo na nossa vida. Quando estamos com Deus tudo parece claro, ordenado e feliz. Não há lugar para tristeza, preocupação ou baixo astral. Por isso, pensei em algumas coisas que eu faço para não permitir que a minha cabecinha louca entre em parafuso de vez!

Vá além - não acredite que você é capaz de controlar tudo, porque você não é! Quando colocamos em um Ser Supremo a nossa vida, fica mais fácil levá-la. Não é pedir que Ele faça todas as nossas vontades, porque isto é "mimo". É compreender que alguém possa cuidar de você melhor do que você mesmo. Não precisa acreditar no mesmo Deus que eu. Pode ter vários deuses, energias, luzes ou qualquer outro nome que te faça bem! Vale do mesmo jeito.

Ocupe-se! - encontre coisas que te tragam felicidade como cozinhar para alguém, fazer um jardim, dar banho no cachorro, fazer artesanato, passear no sol, cuidar de outras pessoas. Este último, em particular, costuma trazer mais benefícios do que qualquer outro.

Conheça você mesmo - aprenda a lidar com seus próprios limites. Observe aquilo que te traz algum incômodo e evite passar por situações que causam mais estresse. Não é necessário ficar caçando aborrecimentos, embora façamos isto sem perceber muitas vezes. Fique atento a isto, pois em geral, a maioria é evitável.

E para finalizar, procure o lado bom das coisas, ria de si mesmo e entenda que viver é isto! Não há bem que dure para sempre, mas não há mal que nunca acabe... é assim vamos! Um dia após o outro...

Até mais.