sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Frenético - Parte II

Cai a tarde.
Olhares impacientes no relógio para contar regressivamente o tempo que falta para sair. Arruma a bolsa, confere o batom, guarda o que falta.
Confere a chave do carro, encontra o chiclete perdido.
Toca o apito da fábrica. O turno acabou. Logo começa outro.
Saio cansada. Lista de compras na cabeça.
Estacionamento. Mercado.
Oba! Um carro sai. Ocupo a vaga.
Tomate, leite, cebola, iogurte. Revejo a lista mentalmente, não falta nada.
Fila. Parece que todas as pessoas vão ao mercado ao mesmo tempo.
A moça do outro lado do balcão conta os minutos para acabar o trabalho.
Conversas paralelas com o empacotador.
Pago. Saio.
Impaciência.
Lembro aliviada que as tarefas do dia já foram cumpridas.
Entro no carro. Som alto.
Trânsito. Buzinas.
Todos querem chegar a algum lugar.
Enquanto dirijo penso em tudo o que deveria fazer.
Academia. Barulho de metais dos pesos batendo uns contra os outros. Engrenagem. Esteira.
Desvio o pensamento e cantarolo a música que vem do rádio.
Estrada. Enfim trânsito livre.
Túnel.
Portas de lojas vão lentamente abaixando.
É hora de parar.
Vendedoras saem com ar de pressa.
Longo caminho até em casa. Ônibus lotado.
Entro em casa. Estaciono.
Sinto uma sensação de alívio percorrer o meu corpo.
Posso agora relaxar.
Outros estão ainda no meio do percurso, mas não eu.
Penso em como sou agraciada por todas as coisas que pertencem ao meu mundo.
Tiro os sapatos.
Jogo meu corpo no sofá.
Respiro. Respiro profundamente.
Descanso.
Amanhã começa tudo outra vez.
Que bom que é assim!

Até lá.


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Frénetico

O dia mal clareou e a cidade já se mostra em uma intensa movimentação.
Despertador toca.
Levantar da cama.
Quero mais cinco minutos.
Perco a hora.
Enquanto decido entre a blusa branca ou o vestido verde pessoas andam para cima e para baixo tentando equilibrar a equação entre a distância que falta percorrer até o ponto e os poucos minutos para a chegada do ônibus.
Enfim me apronto para sair. Nesse instante parece que a única pessoa acordada sou eu.
Ledo engano. Outros tantos já estão no trabalho.
Porta da escola. Carros.
Dinheiro para merenda.
Mochila pesada.
Acaba o turno da fábrica.
Apito.
Outro começa.
Alguns aguardam sua vez na calçada.
Cigarro como companhia.
Crianças dormem sentadas esperando a van escolar.
Mães, enquanto isso, já aprontaram o almoço.
A cidade ferve.
E nem são sete horas da manhã.
O sol dá sinais de que a temperatura vai subir.
O asfalto exibe suas ondas quase invisíveis de calor.
Corredores dedicados ocupam os cantos da rua.
Bicicleta.
Uma moto corta os carros como se fosse seis da tarde.
Estresse.
Buzinas.
Árvores que assistem incólumes o caos a sua volta.
Passarinhos cantando.
Olho para eles.
Respiro.
Por um instante esqueço do ritmo frenético em torno de mim.



(...)


Até mais.



sábado, 1 de novembro de 2014

Manhã de sábado

Hoje eu acordei com gosto doce de baunilha. Sábado de manhã tem cheiro de lavanda, de roupa lavada, de sol e calor. Manhãs de sábado não combinam com céus nublados. Gosto de frio. Mas não na manhã de sábado.
Hoje eu acordei querendo que a manhã não acabe. Acordei com sensação de primavera. Sábado de manhã é sinônimo de primavera. Também é sinônimo de juventude. Não há pessimismo que resista a um sábado de sol. Dia de reunir pessoas, de sair para arejar, de planejar todas as coisas quanto é possível executar em uma única manhã. 
Se pudesse traduzir em uma palavra, esta manhã seria chamada de flor. Flores. Todas as cores e perfumes estão presentes nesse momento. Se pudesse guardava em um potinho e me abasteceria um pouquinho a cada dia até chegar a próxima manhã de sábado. 
Manhãs de sábado têm barulho de passarinho cantando, criança gritando, risadas. Têm cara de corrida de rua, patins, bicicleta. Ah! Os passeios de bicicleta são a atividade perfeita para os sábados de manhã. 
Essas manhãs têm jeitinho de férias. Parece que as 48 horas que compreendem o fim de semana se multiplicam quando a gente valoriza o sábado de manhã.
Dia de cuidar da pele, dos cabelos, de fazer as unhas e colocar aquele esmalte vermelho que contrasta com o céu azul. Dia de bronzeado, de piscina, de cultuar o "Deus Sol"!
Sábado de manhã dá vontade de ouvir música alegre, de dedicar um tempo a si mesmo, de começar a ler aquele livro guardado na prateleira. Dia de tomar um café da manhã demorado e caprichado.
Para os solteiros representa o começo dos preparativos para a noite que virá. Para os casados o dia de aproveitar cada minuto com o seu amor depois de uma semana pra lá de ocupada.
Manhãs de sábado não foram feitas para dormir, nem trabalhar. Foram feitas para respirar. Não um respiro de todo dia. Um respiro de alívio, de descanso, de relaxamento. Hora de agradecer.
Desejo ter mais manhãs de sábado. 
Que possamos aproveitá-las.

Até mais!