terça-feira, 21 de julho de 2015

Não há...

Nos dias de hoje não há mais conversas na varanda!
Não há mais nem varandas baixas daquelas de frente para calçada com cadeiras de ferro e assentos acolchoados. Não há mais passeio de fim de tarde e a visita sem hora marcada dos vizinhos.
Nos dias de hoje não há mais refrigerante no fim de semana, nem presentes nas datas importantes. Não há mais dificuldade ou suspiro de felicidade pela conquista.
Não há mais palavra que valha, nem honestidade a qualquer prova.
Não há sacolas de papel, balanças de peso, vitrolas.
Eu tive uma dessas!
Os ruídos foram substituídos pelo silêncio incômodo da perfeição.
Nos dias de hoje não há mais papel, coisa física. Tudo é virtual, digital, visual. A textura foi trocada pela imagem.
Não há mais espaço, quintal. Não há mais paralelepípedo ou ruas de terra.
Não há portas sem trancas, janelas sem tela.
Nos dias de hoje não há mais o olho no olho, a autoridade.
Não há paciência para escutar. Nem tempo de espera.
Não há inverno ou verão, Não há loja fechada e nem descanso.
Nos dias de hoje não há bons cantores, músicas inesquecíveis ou inspiração.
Não há cabelos crespos, nem pretos.
Nos dias de hoje não há pele sem tatuagem, orelha sem fone.
Não há interesse pelo outro.
As roupas não são mais de "fazenda". Não há mais costureiras.
O "made in brazil" agora é "made in china".
Não há mais brigadeiro como antes. A simplicidade deu lugar à sofisticação disfarçada de coisa-de-todo-dia.

Nos dias de hoje há que se reavaliar condutas.
Nada é sim. Nada é não. Tudo é talvez, a confirmar.
Não há carinho desinteressado. Não há boa intenção.
Não há muito do que se orgulhar.
Não há.

Até.

Ps: Fui buscar alguma foto na internet para ilustrar o assunto e não encontrei qualquer fotografia de uma conversa de vizinhas em alguma varandinha no interior. Deve ser porque antes as pessoas se preocupavam menos em registrar e mais em viver!

Nenhum comentário:

Postar um comentário