domingo, 20 de abril de 2014

Top 5 - Itália

Todas as vezes que viajo prometo escrever sobre todas as dicas, passeios imperdíveis e comidas maravilhosas que experimentei. Da Itália falei pouco. Não por falta de belezas ou atrativos. Muito pelo contrário. A Itália é meu berço, minha segunda pátria. Trago no sangue as heranças de lá. Cada passo naquela terra teve significado mais do que especial. Por que, então, não escrevi muito? Sei lá! Talvez por não ter tido tempo, talvez por ter visto coisas demais. Resolvi então me redimir e destacar as melhores 5 experiências da Itália para dar ainda mais gostinho a quem estiver indo para lá ou, simplesmente, a quem queira conhecer um pouquinho mais.

Pietà, Michelangelo
# 5 - As obras de arte -  Pietà e David de Michelangelo, e a Última Ceia de Leonardo da Vinci. Não há como não ficar maravilhado com elas. O problema é que você precisa percorrer boa parte do país para conseguir ver estas três. a Pietà fica dentro da Basílica de San Pietro, no Vaticano. O acesso a ela é tão simples que surpreende. Chegamos a duvidar se é ela mesmo. Fica ali humilde, em um cantinho da igreja, recatada, quase passando despercebida a olhos menos atentos. O David, ao contrário, mostra-se imponente, gigantesco e com uma precisão anatômica que fica fácil esquecer que é todo feito de pedra. Tem um realismo que impressiona. Mas não se engane! O verdadeiro David fica dentro da Galleria dell"Academia e não em praça pública como muitos pensam. Há sim uma réplica lá, mas apenas para lembrar onde ficava originalmente a estátua quando foi feita. Para admirá-la, terá que ir à Florença. Por lá também vale a pena visitar na Galleria degli Uffizi os quadros Nascimento da Vênus e A Primavera, ambos de Botticelli. E por último, mas não menos importante, a Última Ceia de Leonardo da Vinci. Espetacular! Fica em Milão e para vê-la é necessário ter muita antecedência, já que os ingressos para visitação encerram-se, em média, 2 meses antes da própria visita. Vale a pena se programar para comprar pela internet, caso contrário não será possível chegar até lá.
Davi de Michelangelo
# 4 - Os trens - viajar pela Itália é, sem dúvida, muito mais fácil de trem. Estacionar nas suas ruas estreitas não é tarefa muito fácil e além disso você não precisa se preocupar em localizar estradas e cidades. Assim como em muitos outros países da Europa, a malha ferroviária italiana é admirável. Há trens em vários horários, muitos deles com cara de metrô (e até com integração para eles!) e as passagens são relativamente baratas. Para os trechos mais extensos é interessante comprar antecipadamente pela internet. Já para viagens mais curtinhas há uma infinidade de máquinas nas estações onde você compra o bilhete por conta própria. A maioria dos trens têm banheiro e alguns, os frecciargento e frecciarosso, têm também acesso à internet por um preço quase simbólico pelo período de 24 horas. 
# 3 - Comida - se você está de dieta e vai viajar para a Itália, desista! Não da viagem, mas da dieta! Eu sou fã assumida de massas, mas este prato lá se eleva a outro patamar. Muitas pessoas me disseram que as porções não eram generosas e o cozimento deixava a desejar. O macarrão aldente seria quase um "quebra dente". Mas as minhas experiências gastronômicas na Itália apenas confirmaram o que eu já sabia. Eles seguem várias etapas nas refeições e as quantidades são substanciais. O sabor é divino e eles fazem jus ao título de "inventores" dessa brincadeira. Mangia che ti fa bene... literalmente!
cioccolato e pistacchio
# 2 - Gelato - embora também seja de comer, o sorvete italiano merece um lugar de destaque. É tão gostoso que mesmo no inverno se toma todos os dias. Os meus favoritos são os de chocolate e o de pistache. Chocolate está no plural porque há uma boa variedade de sabores à base dele. A cremosidade do sorvete é inacreditável. Outra coisa curiosa é que sempre são servidos dois sabores ou mais, due gusti, como eles falam. Nunca é uma única bola. Além disso, não utilizam concha para servir, mas pás, assim batem o sorvete antes de colocar na casquinha tornando-o ainda mais cremoso. Experimentei em todas as cidades que visitei e em todas foi espetacular!
Vista de Assis
# 1 - Assis - a cidade de São Francisco de Assis é para mim o número 1 da Itália. Independente de crença ou religião o lugar é mágico, lindo, especial. É fácil chegar lá de trem indo de Roma. Dá para ir e voltar no mesmo dia. Há uma boa estrutura para o turista com bons restaurantes e algumas pousadas. É toda medieval, com paredes de pedra e uma atmosfera de harmonia muito convidativa. Vale a pena conhecer. Estando na Itália é destino obrigatório. Foi o lugar onde mais tirei fotos! Se der a sorte do céu estar azul, fica perfeito!  

É isso. Falar da Itália é "chover no molhado" mas eu não podia deixar de registrar estas impressões... mesmo que muito tempo depois!
Nascimento da Vênus, Botticelli

Ps1: A ordem dos tópicos não é por importância. Eu não colocaria o sorvete mais importante que as obras de arte! É pelo fato desse ser muito mais acessível e agradar a todos os públicos.
Ps2: Os inventores do macarrão foram os chineses, mas os italianos, sem dúvida, aperfeiçoaram e popularizaram, por isso a citação.

Até mais.

Mudanças em curso!

Nesta Páscoa desejo aos meus amigos que o sentido de renovação não se perca no dia seguinte.
Desejo ainda que entre chocolates e presentes não possam esquecer que se o dia é de celebração, a razão da festa não pode passar em branco. Desejo ao mundo mais tolerância, generosidade, partilha e amor.
Nesta Páscoa quero que a passagem da morte para a vida seja sentida no menor dos gestos. No abraço, nas palavras, na simples escolha de fazer o bem.  Que "vida nova" não seja apenas modo de falar.
Espero que o momento de descanso sirva como tempo de reflexão e não apenas de comemoração. Desejo que os erros do passado não venham fazer visita e não sirvam de referência para os atos futuros. Mais discernimento no pensar, mais cautela no agir. Mais gentileza no trato com o outro e menos necessidade de dar sempre a opinião. Na maior parte das vezes as pessoas só precisam ser ouvidas... com atenção!
Desejo, nesta Páscoa, que a serenidade faça parte de todos os dias trazendo consigo a habilidade de conviver. Escute mais, fale menos. Sorria mais, assim terá menos motivos para reclamar. Ao invés de criticar, apenas agradeça.
Independente de crença, desejo que o seu Deus faça morada em seu coração. Que o sacrifício sofrido sirva de exemplo real para uma mudança de vida. Que Cristo renasça em nós e nos permita agradecer sempre pela oportunidade de aprender.

Que possamos viver uma eterna Páscoa...

Feliz Renovação

Até mais!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Envelheço na cidade II

Estou em fase de reavaliação! Já disse isso no texto anterior com o mesmo título. Fazer quarenta anos não é para qualquer um. Aliás, é um injustiça a desvalorização que nós humanos fazemos da nossa idade. Se uma empresa faz 40 anos de existência isso é motivo de comemoração. Demonstra solidez, confiabilidade. Por que será, então, que em se tratando de pessoas a mesma idade passa a ser sinônimo de velhice?
Pois eu estou vivendo a máxima de que a vida começa aos quarenta. Reservei este tempo para mudar o que não funciona mais. É engraçado como uma simples alteração no calendário faz uma reviravolta na cabeça.
E a sensação que eu tenho é de que isto ainda vai durar. Não é como em todos os aniversários, que o dia é especial e ponto, no dia seguinte tudo volta ao normal. Desta vez tudo está diferente! Estou com a sensação de mudanças em curso há mais de um mês! Na verdade cada vez que escrevo em algum lugar a minha idade eu sinto um "pesinho". Arriscaria até a dizer que os 41 serão mais fáceis.
Não sou a pessoa "mais diferente" do mundo, mas sou "mais diferente" do que muitas pessoas que conheço. E em se tratando de idade, minha crise não foi com a proximidade dos 40, mas acredite, dos 25. Eu me lembro como foi difícil e pesado na minha cabeça fazer essa idade. Em parte, talvez, porque já havia me conscientizado de que era adulta e tinha entrado em um processo de ida sem volta, mas também porque naquela ocasião minha vida precisava mesmo de muitas mudanças. De um jeito ou de outro, aquela idade foi mais difícil que a de agora. Fazer quarenta anos, por sua vez, me deu o aval para uma série de coisas. Uma delas é me permitir ser mais ridícula - ou menos autocensurada! - que antes. Não estou falando de sair por aí de forma inadequada, seja na vestimenta ou comportamento, estou falando de não me proibir ou me tolher o tempo todo, como fiz muitas vezes. Não vou ser apedrejada se alguém me vir com o esmalte descascando ou se meu cabelo estiver mostrando algumas raízes brancas. Quero estar bem fisicamente por uma questão de saúde, muito mais do que de estética. Roupas servem para embelezar o corpo e disfarçar o que não está bom! Cada vez mais falo o que penso ao mesmo tempo que me calo quando convém. Estou aprendendo, a duras penas, a guardar meus pensamentos para mim, pois expô-los me trará mais descontentamento do que guardá-los. Talvez esta seja a maior conquista que tive aos quarenta: a capacidade de ficar quieta!
Estou aprendendo também aos quarenta que minha carreira profissional já está quase encerrando e que isso não me causa qualquer desconforto. Venho trazendo minha contribuição da melhor maneira que posso e deixando meu legado a quem quiser aproveitá-lo. Devemos não perder de vista que assim como todas as coisas, nós também temos prazo de validade no trabalho. Minha mãe se aposentou assim que foi permitido a ela e sempre falou que devemos saber a hora de sair de cena. O mundo não vai parar se faltarmos em algum momento. Portanto, encerrando os trabalhos em breve e investindo em novos rumos... sejam eles profissionais ou não. Sempre tive uma boa capacidade de mudar e isso é fantástico. Agora não é diferente. Muda a idade, mudam as ideias. Estou pronta para começar.
E se isto servir de inspiração para alguém, que se aproprie e siga em frente!

"Se a palavra vale prata, o silêncio vale ouro!"

Até breve!



quarta-feira, 2 de abril de 2014

Retrato ou Paisagem

O cenário é uma cidade pequena. Os personagens, muita gente de todos os tipos e lugares. Gente interessante, descolada, muito diferente das minhas companhias habituais (não que as minhas pessoas de todo dia não sejam interessantes, mas essas, sem dúvida, são de um tipo diferente de gente!). Gente acima do bem e do mal. As estrelas, todos os modelos de câmeras fotográficas que nos é permitido imaginar. Assim foi o festival de fotografia de Tiradentes. Sim, fui para lá mais uma vez. Precisamente a sétima nos últimos 3 anos. No ano passado também estive presente ao evento, mas sem dúvida desta vez de forma muito mais significativa. Não, eu não enveredei pelo mundo maravilhoso da fotografia, apenas acompanhei meu amado, fotógrafo nas horas vagas. O festival é uma mistura muito feliz de gente alternativa, com uma cabeça completamente fora do convencional, uma paisagem deslumbrante e muitas atividades interessantes. Impossível não se deixar envolver! Fareja-se cultura em todos os cantos. Diferente dos turistas de todo feriado, a cidade fica povoada por intelectuais, artistas, pessoas que deixam sua marca no mundo seja por meio de um livro, de uma imagem, de uma fala imortalizada. Embora não faça parte do universo em si me sinto absolutamente em casa. Ou quase. Não é possível transitar por um evento como esse e achar tudo normal. Não é. O normal não me transmite boa coisa. Normal vem de norma, de coisa padrão. Nada naquele festival é normal. Tudo é mesmo muito diferente. Os sotaques, as roupas, as ideias compartilhadas. Mas os participantes não são assim tão imunes ao mundo real. Existe um tanto de vaidade em exibir o último modelo de câmera ou, para os mais "cult" os modelos mais antigos em funcionamento. E tem exposição na praça, impressão em madeira, artistas tentando se tornar conhecidos, ou apenas compartilhar sua arte. Tem loja de livros, palestras e atividades ao ar livre. Pelas ladeiras da velha cidade sobem e descem, sem pressa, os protagonistas da festa. E não se furtam, em sua caminhada, de parar para clicar os mais belos cenários. Momentos de conhecimento, de alegria e partilha. Foi o que vivi nesse último final de semana. 
Em um dos estados mais generosos desse nosso país, estar em Minas Gerais é sempre motivo de confraternização e resgate dos costumes mais genuínos do nosso povo. Os sorrisos são constantes, as conversas carregadas de regionalismo, os melhores encontros são em torno da boa mesa. Tudo isso se encontra por lá. E desta vez, como que inacreditável após tantas visitas, ainda tive oportunidade de conhecer dois lugares muito especiais que recomendo: Um é a "Pizzaria Seu Barthô". Fica pertinho do chafariz e é bem fácil de achar. A pizza de lá é divina e o atendimento tem o jeitinho mineiro de ser, embora seja uma pizzaria à moda paulista. E o outro lugar é o "Tragaluz Restaurante Casa". Mas esse, de gastronomia fina, exige que se faça reserva. Não por uma regra local, mas porque frequentemente há fila na porta. O lugar é um convite ao bem viver. Desde a decoração, de mobiliário rústico e visivelmente antigo, até a mistura de penumbra e nostalgia, com profissionais bem treinados e totalmente antenados com as tendências. Alguns usam "piercings" e tatuagens. O cardápio é uma atração a parte! Feito em forma de cordel e todo manuscrito mistura pratos, histórias e recadinhos deixados por gente famosa que andou por la. Terá que desembolsar um pouco mais de dinheiro, mas vale cada centavo gasto. Estando lá sugiro o risoto de arroz negro com surubim defumado e abobrinha italiana. Espetacular. E nós mulheres ainda recebemos um "mimo" na saída. Um alfinete com a pomba do Espírito Santo. Fofo!

Bem, comecei falando de uma coisa e terminei falando de outra, como é o meu perfil! Tudo bem, a vida é uma mistura de coisas mesmo. E se elas forem tão deliciosas quanto foi o meu fim de semana, não tem o que dizer...

Impecável!

Até mais.