quarta-feira, 13 de março de 2013

Beleza! Óbvio, não?

Dia desses ouvi uma frase interessante. A pessoa, falando sobre uma terceira, disparou: "Ela não tem uma beleza óbvia". Aquilo me chamou atenção na hora. Fiquei parada, tentando elaborar o que queria dizer aquela frase. O que seria uma beleza "não óbvia"? O que seria a óbvia? Entendo esta como sendo a que facilmente é identificada, que é de consenso, que está estampada na mídia para quem quiser ver. A minha pergunta é, apenas, se a beleza óbvia é aquela de fácil percepção ou aquela que nos impõem como um padrão? Será que existe beleza mais ou beleza menos óbvia, ou apenas nos acostumamos a ver assim? É bem verdade que hoje em dia não queremos perder tempo em analisar muito as coisas. Esperar 30 segundos para uma página na internet ser carregada é quase tão absurdo quanto parar para tentar entender algo. Queremos tudo pronto e rápido, de preferência agora. Será que até a beleza, algo contemplativo por natureza, já entrou na era do "instantâneo, por favor..."? 
Acho que estou ficando antiquada. Aliás, desconfio disso há tempos. Mas sou de uma época em que as coisas raras, por isso mesmo, eram mais valorizadas. Ora, se alguém de quem se falava não possui uma beleza que é óbvia, deveria ser mais preciosa, não? Esse óbvio pode não ser sinônimo de vulgar, mas de evidente. Tanto em um caso, quanto em outro, continuo achando que o que não se pode ver de imediato tem sempre mais valor! 
Seria muito chato se pudéssemos compreender tudo sem ter que pensar, ler os desejos seus e os alheios sem se desdobrar para entendê-los. Seria muito monótono se tudo o que precisássemos saber da vida estivesse ali, bem ao nosso alcance, na prateleira do meio onde nem mesmo nos custaria uma ponta de pés para pegá-los. 
Sempre fui adepta das coisas mais trabalhosas. Curioso porque sou vista frequentemente como uma pessoa muito prática. Mas entre o pronto e o feito cuidadosamente desde o começo, opto pelo segundo sempre que possível! Acho que o processo é sempre mais interessante que o próprio produto e nisso se inclui a compreensão sobre as coisas da vida...
Voltando ao assunto do início, da beleza óbvia, me pego algumas vezes pensando sobre o quanto o mundo anda igual. E ao contrário do que se supõe isso não tem nada de bom. Falo de um mundo visualmente parecido. Um mundo onde as pessoas querem  ter a mesma cara, o mesmo número de soutien, cintura e quadril. Falo de um mundo onde os cachos não têm vez... de um mundo onde ser bonito não é um detalhe, é uma obrigação! Falo de um mundo de casca, de cobertura. Se casca fosse assim tão bom, jogaríamos o recheio fora e ficaríamos apenas com ela... Fazendo um paralelo entre vegetais e pessoas, as cascas são apenas proteções para o interior. Observe se você, de certa forma, não usa a sua casca para esconder um interior vazio, deteriorado, indesejável. Há que se pensar!
Só para finalizar, a beleza não óbvia, no meu entendimento, é aquela capaz de atrair para si as pessoas que realmente merecem estar por perto. A beleza que carrega em si um significado que não pode ser desvendado em um "olhar de relance", que merece estudo, atenção, dedicação... e que uma vez descoberta, (ah!) revela outras tantas belezas!

Até mais...

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