Uma amiga está passando por uma situação peculiar. A filha, talentosa bailarina, precisa deixar o ninho para alçar voos mais altos. A notícia da partida traz a dor da mudança, porque uma separação a esta altura nem se cogita, já que a pequena bailarina (nem tão pequena assim!) não tem ainda autonomia de voo para migrar sozinha. O simples ato de falar sobre o assunto causa tamanha comoção que leva ao choro a mãe aflita. Por sua vez, tolher os planos da filha, tão dedicada e segura de suas escolhas, parece ser a garantia de um futuro de arrependimentos, afinal carreira como esta não se pode fazer parar até o melhor momento. O que fazer? O que você faria?
Tentamos fugir de situações assim como se fosse possível evitar que as coisas aconteçam. A corda bamba, que causa a desestrutura, incomoda tanto que é melhor não pensar nisso. Mas aí a vida, que é caprichosa e serve para nos ensinar coisas, vem e nos atropela com as suas mudanças de humor.
O curioso disso é que a mãe, que por tantas vezes confessou desejar um abandonar-se de suas tarefas, se apresenta agora, diante da possibilidade concreta, com um "não-sei-o-que-fazer" que mostra o tanto que suas palavras não deviam ser acolhidas pelos anjos que vivem entre nós. Sempre escutei aquele ditadinho que diz: "Cuidado com o que deseja! Ele pode virar realidade." E é bem por aí.
Por que em situações como estas nos prendemos às tragédias nossas de cada dia ao invés de nos alegrarmos com a possibilidade da vida nova? Vivemos demais o princípio da inércia. Bom, ou não muito, é mais fácil ficarmos onde estamos. Mexer dá trabalho, cansa, dá medo, gera desconforto. Ora, mas e o desconforto que existia antes? Será que, de certa forma, provocamos ainda que inconscientemente as condições para que as mudanças aconteçam? E quando elas finalmente acontecem, por que é tão difícil aceitá-las? O galho, que é rígido, quando recebe o vento quebra porque sua inflexibilidade não lhe permite dançar. Por sua vez, aquele que é flexível permite que o mesmo vento, impiedoso com o outro galho, dance por entre suas folhas resultando num lindo ballet. O vento, uma hora, chega para todo mundo. E assim como vem, vai embora. O que fica depois de sua passagem depende de que maneira nos comportamos durante a rajada.
Que venham os ventos. Que saibamos dançar!
Ps: Vejo você nos palcos do mundo...
Até lá.
Uuau esse foi profundo. Achei super você, porque a onde chega 'moça', você muda tudo.PRA MELHOR É CLARO! Impossível um lugar ficar o mesmo depois de você ter passando por ele...Beeijos'
ResponderExcluirahhh, Sunâmita! Que linda... fico feliz pelo reconhecimento! Na verdade este texto foi mesmo baseado na história de uma amiga, mas adorei a sua sensibilidade... venha sempre!
Excluirbjs