quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Tempo, tempo, tempo, tempo!

No outro dia falei sobre a inércia. Sobre aquela incômoda sensação de imobilidade "invisível" que nos impede de fazer o que precisa ser feito e, que na maioria das vezes, não é agradável. No entanto, se pararmos para pensar, vivemos em uma era onde as coisas mudam de maneira tão frenética que não nos damos sequer o direito de não fazer nada. Férias são "artigo de luxo" no mercado. E há quem diga, com orgulho, que não sabe o que é isso há alguns anos. Orgulho por quê? Por causa da perversa sociedade da produção. Temos que ser produtivos. Não interessa exatamente o que se está produzindo, desde que faça diferença, desde que as pessoas vejam.
Como já disse em outros posts, sou uma pessoa inquieta. Eu me sinto, com frequência, absorvida pelo passar das horas e pela necessidade de ver resultados. Muitas vezes nem me dou conta do quanto estou correndo. Vivo correndo. Nomes para definir isto não faltam. O que eu mais uso é a "síndrome da pressa". E sabe que é bem por aí? Posso não ter compromisso, mas dirijo na mesma velocidade. Posso estar de folga que programo as atividades do dia para que eu possa fazer a mágica de render as 24 horas que possuo. Uso relógio mesmo sem precisar ver as horas.
A sociedade moderna nos fez robozinhos que funcionam ininterruptamente, cujo objetivo de suas vidas úteis é produzir, fazer, construir, finalizar. Como é difícil parar para contemplar as coisas. Como é complicado fazer apenas uma coisa de cada vez. (E eu me incluo totalmente nisso... não estou falando só de outras pessoas!) Parece que vivemos em uma contagem regressiva alucinante nesse fragmento de tempo chamado "vida".
Portanto, desejo a você (e para mim, claro!) que em 2012 se possa equilibrar esta equação. Que a gente se permita fazer nada, gastar tempo sem culpa, eliminar o que não interessa para ter tempo de fazer tudo aquilo que nos move. Sugiro ainda que faça as coisas com mais calma, pois afinal depois de algum tempo, não fará diferença se em 30 minutos você produziu mais um relatório, construiu uma parede, ou simplesmente sentou e curtiu o vento. O tempo é o nosso guardião. Ele é generoso, pois quanto mais nos distanciamos cronologicamente daquilo que vivemos, mais ameno nos parece. Seria insuportável se tivéssemos a capacidade de guardar tudo em nossa cabecinha maravilhosa. Como dizia Renato Russo " O tempo é mercúrio cromo". Acho que não precisa falar mais nada.
Depois disso, só me resta desejar que você, leitor, tenha discernimento, sorte, saúde e muito tempo à toa!
Permita-se!

Até.

6 comentários:

  1. Adorei esse post... é bem isso mesmo!!! Semanas atrás tb. andei pensando sobre o tempo e até publiquei no face a "oração ao tempo" do Caetano... acho que pensando nos ultimos acontecimentos meus e de quem me cerca... (incluindo vc...hehehe)... me toca qdo. diz... "por seres tão inventivo e pareceres contínuo... tempo, tempo, tempo, tempo".
    Acho perfeito! bjs. Vanessa.

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  2. Parabéns pelo texto, precisamos mais deste tipo de reflexão.
    Mesmo se o dia tivesse 30 ou 40 horas a mais ainda assim estaríamos atolados, pois o vírus da (falsa) produtividade trataria logo de encher estas horas adicionais com afazeres e compromissos.
    A tecnologia, que deveria tornar as coisas mais fáceis, apenas amplificou a quantidade de coisas que devemos fazer - e de quebra, nos torna rastreáveis.
    Como tudo na vida é hábito, a solução é cultivar o hábito da simplificação. Concentrar-se em um punhado de coisas importantes - ao invés de dezenas de frivolidades. Como diria Exupéry, "em tudo na vida a perfeição é finalmente atingida, não quando nada mais existe para acrescentar, mas quando não há mais nada para retirar".

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    1. Obrigada pelo elogio, mais um vez, Leonardo. Não posso deixar de observar que o seu comentário tb é muito feliz, pois concordo com a sua colocação sobre o hábito. Precisamos mesmo cultivar a simplicidade, a calma, a ideia de fazer (e viver) uma coisa de cada vez e, sobretudo, a utilização humana do tempo... atualmente o utilizamos de maneira robotizada, artificial... então, vamos humanizar a louca corrida das horas! Até.

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  3. é, Vanessa. Acho que vc captou bem a questão do tempo em suas diferentes manifestações: o tempo que atenua, o tempo que absorve, o tempo que reinventa, o tempo senhor de todas as coisas...
    adorei o comentário! beijinho.

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  4. isso eh musica do PATOFU!!!

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    1. Não...rs... gosto mto do PATOFU, mas éssa é do Caetano, que não é meu pai! rs

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