segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Meio Alice, meio Pollyanna!

Tenho uma amiga que me chama de Pollyanna. Uma outra, muito ironicamente me chama de Alice, aquela do País das Maravilhas. Pollyanna, para quem não sabe, é um livro que conta a história de uma menina que apesar de sua vida difícil e sofrida aprendeu a ver sempre o lado bom das coisas. Ela chamava isso de "jogo do contente". O título concedido a mim diz respeito à mesma coisa. Não sei se sou a pessoa mais otimista do mundo, mas de alguma forma, as pessoas me veem assim. Nunca tive - ou pelo menos não me lembro de ter! - amigos imaginários. Sempre tive facilidade de me relacionar e, por isso mesmo, nunca precisei inventar pessoas que me aceitassem. No entanto, depois de grande, não lido bem com as dificuldades que a vida faz questão de mostrar - e com lentes de aumento! Tenho minhas próprias "penúrias", mas prefiro ficar com as coisas boas.
Alice talvez seja um título mais apropriado para o meu momento. Assim como a personagem de Lewis Carroll, tenho mergulhado cada vez mais em um mundo de fantasia. E é de propósito. Se a realidade é dura, não quero saber dela. Prefiro o colorido da fantasia às letras cinzas do jornal. Há quem possa dizer que não dá para viver assim. Digo que dá. Embora eu esteja entrando em um outro tipo de alienação. Dia desses fiquei sem a minha caixinha mágica de sonhos - os canais a cabo! - e me vi angustiada por ter que ver a TV aberta e toda a sua maneira sangrenta de enxergar as coisas. Na hora do telejornal comecei a me sentir incomodada com todas aquelas notícias tão bárbaras quanto inúteis para a vida de qualquer pessoa. Muito além de uma impressão, a sensação de estar tensa era real. Comecei a sentir os ombros se encolherem, as palavras ecoarem na minha cabeça, a vontade de tapar os ouvidos. E assim, cada vez mais, me vejo voltar para o meu mundinho colorido onde as coisas são bonitinhas, fofas e alegres. Às vezes isso me causa alguns problemas. Fico no meio de pessoas falando sobre assuntos dos quais absolutamente não tenho qualquer pista. Mas aí faço cara de paisagem e, se me interessar, busco na internet a resposta para as minhas perguntas. Na maioria das vezes fica o "dito pelo não dito". O que é incrivelmente certo é perceber como as pessoas, de uma forma ou de outra, vivem em torno dos programas que assistem. Como os que eu assisto poucas pessoas (com as quais convivo) veem, guardo-os apenas para mim. E está bom assim! Não sei quem está na novela, não vi o último capítulo, não sei quem são os atores e atrizes que estão fazendo sucesso. Não sei qual é o corte ou o esmalte da moda, ou ainda quem matou o vilão no capítulo anterior. Não sei quem são os políticos, não sei dos acidentes, nem dos assassinatos ou catástrofes do momento. Deleto imagens chocantes, pessoas irritantes e não entro em discussões que não vão me levar a lugar algum. É, quem me conhece há tempos pode não estar me reconhecendo. Pois então, me apresento novamente.
Muito prazer! Sou meio Alice, meio Pollyanna! 
Estou muito feliz assim...

Até mais.

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