terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ondas Artificiais

A fila estava enorme. Um incontável número de pessoas esperava a sua vez. Um imenso galpão escondia o que, de fato, seria enfrentado lá dentro. Mesmo sabendo do que se tratava, não fazia ideia de como me sentiria. A fila andava pouco a pouco e a sensação era de que não se poderia escapar. Uma vez que se decidisse entrar naquele espaço só restava encarar o desafio. Chega a minha vez. O ímpeto de correr toma conta de mim, mas àquela altura não podia mais. O carrinho para. Tentando fugir do inevitável, sento-me no lugar determinado e me certifico de que o cinto está bem atado. Se tem uma coisa que aprendi nas minhas idas e vindas é que quanto maiores são os dispositivos de segurança, maior é a sensação de medo provocada. Tive certeza de que dessa vez não seria diferente. Tudo o que eu desejava era que aquilo terminasse logo. O carrinho sai em uma velocidade alucinante. Sinto meu corpo colar no assento. Antes que eu pudesse me preparar uma sequência de sobe e desces começa freneticamente. Fechei os olhos, pois ver aquilo era, para mim, como se consentisse em participar. O escuro se tornou meu companheiro por toda a viagem. Além dele, apenas gritos surdos e rock pesado. A adrenalina que tomou conta do meu corpo fez com que, neste momento, apenas uns poucos flashes ainda permanecessem, me permitindo contar o episódio. Mãos geladas, pavor, vontade de simplesmente fazer parar tudo. A viagem chega ao fim. Na verdade o trajeto interminável durou alguns poucos minutos... talvez menos de dois. Pareceram uma eternidade. Depois, relaxamento. Sensação de se dominar, de enganar o medo, de vencer-se a si mesmo. Por um instante veio a vontade de tentar mais uma vez. Foi só uma vontade. A coragem momentânea não se estendeu por muito tempo. Quis mostrar a mim mesma que o medo, então vazio, pois apenas fictício, não poderia por si só causar danos mais significativos. Porém a sensação, ainda viva, não me permitiu fazer de novo. Quem sabe um dia eu tenha novamente a possibilidade de embarcar nessa aventura igualmente louca e maravilhosa. Porque estou aprendendo que uma montanha russa, com todas as suas impressionantes oscilações, nem de longe se compara com a aventura de viver.

Sentir medo é normal. Deixar que ele nos paralise, não!

Ps.: Quem quiser ter uma vaga ideia do que é, assista ao vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=YoKWD_yPJk4

Até mais.

8 comentários:

  1. Lindo!!!! Parece que fui no passeio com você!!! Obrigada pela sensação!!!

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    1. Fico feliz por ter alcançado meu objetivo! É difícil transcrever sensações, né? Que bom que consegui... naquele momento tudo o q eu sentia era pavor... rs... mas passou! rs... bjs e obrigada pelo comentário.

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  2. Incrível, Cris! Nunca tive coragem de me aventurar numa montanha russa! haha. Mas com certeza, seu texto fez com que eu sentisse um pouquinho mais de perto a sensação medo que você viveu e que eu sempre imaginei... Adorei! Parabéns!

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    1. Olha, Gisele, só entrei em duas até hoje. Uma tranquilinha... a outra, esta q eu descrevo no texto, é "punk"... rs... mas espero ter coragem de ir novamente... a sensação de se dominar é ímpar! Experimente... bjs e obrigada pelo comentário!

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    2. Talvez um dia eu tome coragem...rs. Mas depois desse texto vai ser impossível ver uma montanha russa e não lembrar de vc!

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    3. Ah, Gisele, obrigada pelo carinho, mas eu duvido que dentro dela vc consiga lembrar de quem quer que seja... kkkkk... se vc conseguir, vc é ninja... nasceu pra isso! rsrsrsr

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  3. Puxa..."porque estou aprendendo que uma montanha russa, com todas as suas impressionantes oscilações, nem de longe se compara com a aventura de viver". Quem ficou paralisada agora fui eu...rsrsrsrs

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    1. E não é? As montanhas russas têm um trilho por onde o caminho segue seguro e previsível, embora pareça q não... a vida, ah! Não tem trajeto programado... e isso é o mais legal, né? rsrsrsrs

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