quinta-feira, 19 de julho de 2012

Luto...

Não, ninguém morreu! Habitualmente usamos o termo luto para nomear o tempo que levamos para nos recuperar de uma perda dolorosa, principalmente de quem nos é querido, mas digamos que vá um pouco além disso. Luto pode significar apenas um período em que mergulhamos em nós mesmos como quem procura atingir o "fundo do poço" e, então, voltar à tona. Falando assim parece muito dramático, mas se pensarmos um pouquinho, vamos observar que ao longo da vida passamos por vários lutos, ainda que não sejam causados pela morte de alguém importante. Vivemos o luto quando terminamos um relacionamento, quando deixamos de conseguir algo que é significativo, que queríamos muito. Vivemos o luto quando sofremos uma mudança drástica de vida ou com a descoberta de alguma doença grave. Concordo que ele é intimamente associado a um acontecimento ruim, mas se é possível se fortalecer com as perdas, o luto é certamente um rito de passagem. 
O luto pode ser o abandono de um sonho. Aquele momento em que a gente percebe que o que se pensava, como sendo verdade absoluta, só existia na nossa cabeça. Este, talvez, seja o pior dos lutos, sobretudo por ser a tomada de consciência. O grande problema é exatamente este: a tomada de consciência. Há quem viva em um mundo de ilusão, como uma realidade paralela, em que a vida é do jeitinho que fora construído por si mesmo. Neste caso, o tombo (o luto) é infinitamente maior e mais fundo. Quanto mais "cor-de-rosa" é a "realidade fictícia" - se é que isso é possível! - maior é o precipício.
Viver uma vida mais ou menos para não ter que passar por isso, também é medíocre. Ninguém vive sem um pouquinho de ilusão. O que doi é perceber que entre o seu pensamento e o que ocorre de fato, tem uma distância grande. 
Quando se abandona um sonho, seja por impossibilidade de realizá-lo ou porque aquele desejo já não condiz mais com a realidade atual, tomamos consciência de que um novo rumo deve ser tomado. Antes a gente chora, tenta entender, pensa em soluções para mudar as coisas e, só então, se rende. Render-se é passar da condição de ignorância para o realismo, muitas vezes cruel.
A partir daí então é arregaçar as mangas, traçar novos objetivos e se fortalecer para a próxima onda que vier, porque, certamente muitas virão.
Quando o luto se fizer necessário, tente não fugir dele. Isso só fará com que ele dure mais, fique mais difícil e doloroso. Entregar-se a este momento de autoconhecimento e aceitação faz com que tenhamos mais tranquilidade para entender que isso faz parte da vida e que é através disso que crescemos, que abandonamos o casulo. Sentir medo é normal, tristeza, raiva. Sentir-se impotente também é normal. É a prova que não somos onipotentes e que é a nossa pequenez que nos mantém conectados com a nossa essência. O mundo já está tão cheio de prepotência que não nos cabe aumentar isso ainda mais!

Estar de luto é viver a experiência de mergulhar no universo escondido em cada um.

Até breve!

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