terça-feira, 8 de maio de 2012

As razões do coração

Dizem que o coração tem razões que a própria razão desconhece. Esquecem-se, porém, que o coração, esse músculo que bombeia o sangue e nos mantém vivos, não se emociona. Não se sabe bem ao certo porque atribuímos a ele o amor que sentimos, mas o fato é que ele, pobrezinho, serve de argumento para as "burrices" cometidas em nome dos sentimentos.
Por falar em sentimentos, coisa estranha é o que nos acontece. Criamos um campo de batalha, colocando em lados opostos os adversários "razão e emoção". Mas qual adversários, que nada! Razão e emoção habitam o mesmo espaço: o cérebro!
Os desavisados, sobretudo os jovens, padecem de suas dores afetivas, do abandono do "ser amado" colocando no coração a culpa por suas escolhas irracionais. Mas se não é a razão quem decide por quem nos apaixonamos, muito menos é o coração!
Costumo dizer que não escolhemos por quem iremos nos apaixonar, mas escolhemos, sim, o que fazemos com o que sentimos... por que nos utilizamos de um argumento quase exterior a nós mesmos para justificar esta escolha? Agimos como se o coração, sozinho, pudesse definir por quem produziremos tantas substâncias que nos dão a sensação de prazer, de estar nas nuvens, de ser eterna e irremediavelmente felizes. Esquecemos, mais uma vez, que é o cérebro quem faz tudo isso...
Falando desse jeito, parece até que o amor é uma simples constatação do que acontece por dentro da nossa cabeça, mas a questão é que a partir do momento que entendemos que o sentimento vem dela, e não do peito, fica mais fácil gerenciar as dores.
Amor não tem que rimar com dor. Assim como paixão e coração.
Se o coração tem razões que a própria razão desconhece é porque, ainda que temporariamente, os neurônios tiraram uma folguinha. E isso, que fique claro, não torna o sentimento coisa de quem não age com a razão. Muito pelo contrário, nos dá a liberdade de escolher por qual motivo decidimos gostar mais de uns que de outros. Simples assim.
O que não nos damos conta, muitas vezes, é que estabelecemos critérios que nos fazem escolher por aquela pessoa. E ainda que, aparentemente, não tenhamos nada a ver com o "eleito", no fundo é uma tentativa de fazer tudo diferente... mais uma vez por influência do cérebro.
Só se apaixona quem está predisposto a isso. Só vive esta paixão quem a alimenta. O sentimento é um bichinho que vai crescendo dentro da gente, parte do cérebro rumo ao corpo inteiro... sacia, preenche, invade, entontece, desorienta...
E o coração, coitadinho, segue cumprindo o seu nobre papel de bater, bater, bater... tantas vezes quantas forem necessárias para nos manter assim: racionalmente apaixonados!

Permita-se!

Apaixone-se!

Até.

6 comentários:

  1. Sempre que conversei sobre esse tipo de coisa as pessoas me chamaram de insensível, por promover uma abordagem mais racional dos sentimentos. Bom saber que não estou sozinho nessa bandeira, hehehe.
    Sempre vai ter algum atributo na pessoa amada que pode ser percebida racionalmente - pode ser a inteligência, a atitude, a aparência... enfim. De acordo com nossas preferêcias pessoais, vamos dar valor mais para certos atributos do que outros. Uma vez que conhecemos nossos gostos e o que o que podemos esperar do parceiro, fica mais fácil usuar a racionalidade para navegar nosso humilde barquinho pelas tormentas do coração.

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    1. Pois é, Leo... mais alguém pensa como vc! rs
      Só quis ressaltar no texto que o coração, associado ao amor, é apenas um símbolo, uma alegoria... assim fica mais fácil se responsabilizar pelo q fazemos, e não culpando uma "força estranha" pelos nossos atos e escolhas! Bjs

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  2. Que Liiiiiindo! :)

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