segunda-feira, 14 de maio de 2012

Coisas do acaso

Algumas situações simplesmente tiram você do trilho. É... Com maior ou menor intensidade, andamos em um trilho. Em parte por culpa do sistema que nos faz trabalhar no mesmo horário sempre, no mesmo lugar, com as mesmas pessoas. Imagine um autorama em que os carrinhos são presos por um ganchinho a um trilho. Eles andam em círculos, sem possibilidade de mudar o percurso. A não ser que você seja um "desastre" no controle e em uma derrapagem tire o carrinho do seu lugar. Às vezes derrapar é interessante ...
Mas voltando à vida sobre trilhos e o bem que uma mudança súbita pode fazer, vem automaticamente à minha cabeça uma cena que aconteceu comigo recentemente. Vinha eu fazendo o percurso de todos os dias, subindo aquela estrada linda que eu já mencionei aqui, e em meio à necessidade de chegar depressa e ao traçado imperfeito da rua, eis que surge, sem aviso prévio, um esquilo. Isso mesmo! Um Tico... ou Teco! Não há a menor possibilidade de passar ileso pela sensação de ter sido agraciado com o fato de estar no local certo, na hora certa. Quantas e quantas vezes já passei por ali e em quantas delas eu tive a possibilidade de ver isso? O cálculo é impreciso, mas posso afirmar que mais de cinquenta vezes... e destas, em quantas eu vivi o mesmo? Apenas duas.
É como encontrar um arco-íris após a chuva...
Depois do esquilo, não há pressa, desatenção e mau humor que persistam... não há como não se importar com a belezinha que é esse bichinho! Um outro dia, em outra situação, chamou minha atenção também em um momento de pressa - vale lembrar que estou sempre correndo! - entre uma curva e outra da estrada, um menino de seus 4 anos, carregando, desajeitadamente nos braços, um gatinho. Qualquer sensação de irritação passa numa hora como essa. É como se a vida nos forçasse a diminuir o ritmo, nos mostrasse que apesar de toda a agitação e do ritmo frenético em que vivemos, ainda há espaço para a beleza das coisas simples.
Quando paro para pensar, tenho vontade de ser mais organizada para acelerar menos, diminuir o número de atividades e me dedicar mais a cada uma delas, planejar mais para não correr tanto... Tenho me questionado sobre essas coisas da vida! Até que ponto vale a pena se render ao sistema e ver a vida passar pela janela de uma máquina de lavar roupa em funcionamento - estando dentro dela? Às vezes é como eu me sinto. Acabamos incluindo coisas demais na nossa rotina, incorporando-as a ela até não conseguirmos mais nos imaginar sem fazê-las. E para quê?
Quero imaginar que serei mais feliz se correr menos, trabalhar menos, tiver mais lazer.
Quero brincar de "ficar à toa", de dormir depois do almoço, de andar em slow motion.
Quero tudo isso e muito mais...
Eu sei que amanhã já esqueci minhas promessas vãs... Mas que o esquecimento seja, apenas, até a próxima visita do acaso...

Até!

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