quinta-feira, 31 de maio de 2012

Apesar dos pesares...

Particularmente me encanta ver como que, apesar das adversidades, algumas pessoas insistem em manter determinadas posturas não condizentes com sua situação.
Semana passada estava atravessando uma praça para ir trabalhar, quando vi uma varredora de rua, certamente em seu horário de descanso, com um alicate na mão fazendo as próprias unhas. É bonito ver como uma pessoa assim mantém uma atitude de vaidade e beleza quando seu trabalho lhe mostra exatamente o contrário. Quando na luta do dia-a-dia, o lixo e a desordem fazem moradia no seu “escritório”. Não seria muito mais fácil e esperado que ela se deixasse sucumbir pelo cansaço ou pelas adversidades do seu trabalho? Não seria muito mais simples perder a vaidade já que esta, caprichosa, exige dedicação e tempo?
Outra situação que me deixa encantada de ver é quando cobradores de ônibus e mecânicos usam seu tempo ocioso lendo livros. É claro que suas profissões não são determinantes (e deterministas) para um comportamento não leitor, mas é que hoje em dia os livros, muitas vezes, são tão desvalorizados que me toca, particularmente, encontrar este tipo de situação. Fico verdadeiramente admirada de ver que a vontade de fazer algo que seja benéfico, ainda que contrário à circunstância, é maior do que a própria dificuldade. Fico com a sensação de que vale a pena insistir que as coisas podem ser melhores do que são.
É igualmente admirável para mim, quando adolescentes, que dentro de sua rebeldia habitual são avessos a qualquer norma estabelecida, tomam uma atitude de cortesia, de educação, de cavalheirismo. Um dia desses, ao sair do elevador, um deles fez sinal de que eu saísse primeiro, e acompanhou o gesto com um "por favor!". Tem coisa mais linda que isso?
Tem coisa mais linda que perceber que uma mãe de 6 filhos, com todas as dificuldades financeiras e sociais que enfrenta, permaneça junto de seu marido e ainda demonstre admiração por sua luta e disposição para o trabalho? Uma mãe que valoriza a própria família e que tenta, apesar dos pesares, manter uma organização dentro de casa? Nos dias de hoje, isso não tem preço.
Confesso que renovo minhas forças quando tomo conhecimento de histórias como estas. Talvez, se olhássemos mais atentamente ao nosso redor, perceberíamos tantas mais! É uma pena que a maioria de nós esteja tão pouco disposta a ver o mundo com lentes cor-de-rosa...
Eu não dispenso as minhas... e você?
Até breve!

2 comentários:

  1. Oi Cris...também faço uso frequentemente das minhas lentes cor-de-rosa, por isso faço questão de deixá-las limpas constantemente hehehe. Creio que uma parte desse post foi devido ao acontecimento pela manhã. Também me comove ver que atrás de tantas dificuldades, lutas e perrengues, ainda existe um espaço nem que seja mínimo pra valorizar e amar a família. Beijos e até breve!

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    1. Certamente, Marcela... sabia que vc identificaria... rs... é realmente comovente, não? Principalmente quando temos contato com muito mais famílias desestruturadas do que constituídas...
      Ainda bem que há uma luz no fim do túnel!
      bjs

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