Particularmente me encanta ver como que, apesar das adversidades,
algumas pessoas insistem em manter determinadas posturas não condizentes com
sua situação.
Semana passada
estava atravessando uma praça para ir trabalhar, quando vi uma varredora de
rua, certamente em seu horário de descanso, com um alicate na mão fazendo as
próprias unhas. É bonito ver como uma pessoa assim mantém uma atitude de
vaidade e beleza quando seu trabalho lhe mostra exatamente o contrário. Quando
na luta do dia-a-dia, o lixo e a desordem fazem moradia no seu “escritório”.
Não seria muito mais fácil e esperado que ela se deixasse sucumbir pelo cansaço
ou pelas adversidades do seu trabalho? Não seria muito mais simples perder a
vaidade já que esta, caprichosa, exige dedicação e tempo?
Outra situação que
me deixa encantada de ver é quando cobradores de ônibus e mecânicos usam seu tempo ocioso
lendo livros. É claro que suas profissões não são determinantes (e
deterministas) para um comportamento não leitor, mas é que hoje em dia os
livros, muitas vezes, são tão desvalorizados que me toca, particularmente,
encontrar este tipo de situação. Fico verdadeiramente admirada de ver que a
vontade de fazer algo que seja benéfico, ainda que contrário à circunstância, é
maior do que a própria dificuldade. Fico com a sensação de que vale a pena
insistir que as coisas podem ser melhores do que são.
É igualmente
admirável para mim, quando adolescentes, que dentro de sua rebeldia habitual
são avessos a qualquer norma estabelecida, tomam uma atitude de cortesia, de
educação, de cavalheirismo. Um dia desses, ao sair do elevador, um deles fez
sinal de que eu saísse primeiro, e acompanhou o gesto com um "por
favor!". Tem coisa mais linda que isso?
Tem coisa mais linda
que perceber que uma mãe de 6 filhos, com todas as dificuldades financeiras e
sociais que enfrenta, permaneça junto de seu marido e ainda demonstre admiração
por sua luta e disposição para o trabalho? Uma mãe que valoriza a própria
família e que tenta, apesar dos pesares, manter uma organização dentro de casa?
Nos dias de hoje, isso não tem preço.
Confesso que renovo
minhas forças quando tomo conhecimento de histórias como estas. Talvez, se
olhássemos mais atentamente ao nosso redor, perceberíamos tantas mais! É uma
pena que a maioria de nós esteja tão pouco disposta a ver o mundo com lentes
cor-de-rosa...
Eu não dispenso as
minhas... e você?
Até breve!
Oi Cris...também faço uso frequentemente das minhas lentes cor-de-rosa, por isso faço questão de deixá-las limpas constantemente hehehe. Creio que uma parte desse post foi devido ao acontecimento pela manhã. Também me comove ver que atrás de tantas dificuldades, lutas e perrengues, ainda existe um espaço nem que seja mínimo pra valorizar e amar a família. Beijos e até breve!
ResponderExcluirCertamente, Marcela... sabia que vc identificaria... rs... é realmente comovente, não? Principalmente quando temos contato com muito mais famílias desestruturadas do que constituídas...
ExcluirAinda bem que há uma luz no fim do túnel!
bjs