terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Crise, eu?

Algum dia você já se imaginou fazendo algo completamente diferente do que você faz? Estou falando de carreira profissional, especificamente! Eu já. Digamos que eu esteja em crise. E isso já faz algum tempo.
Li certa vez em um livro (aquele que eu já falei aqui, do Dalai Lama - A arte da felicidade) que para mudar de um lugar para o outro não basta apenas não querer estar onde se está. É preciso querer ir para onde se vai. Ficou confuso? Vou explicar de novo em outras palavras. Eu não posso querer me mudar para o Rio de Janeiro só porque eu não gosto de estar em Petrópolis. É preciso querer ir para o Rio de Janeiro. Entendeu agora? (tudo bem, você pode ter entendido da primeira vez!). Enfim... Estou falando isso porque apesar de estar em crise existencial sobre a minha profissão, eu não sei o que eu gostaria de fazer para substituí-la. E, segundo o conselho dado, é melhor não agir até que se saiba exatamente como.
Acho que muitas pessoas passam por isso, pois é um tal de começar um curso, abandonar e começar outro que acaba tendo o mesmo desfecho, que eu imagino que a crise paire no ar por aí. Aliás, fazendo um pequeno parêntese, os jovens de hoje têm uma enorme dificuldade de fazer escolhas, já reparou? Querem tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Bem, mas isso é assunto para outro post.
Voltando...
Dizer que fui levada a escolher a minha profissão seria delegar a outra pessoa ou circunstância a minha insatisfação. Devo considerar que na época em que eu escolhi fazer faculdade tudo era mais difícil por aqui, mas não posso dizer que era impossível correr atrás do que eu queria. No fundo, acho que eu não queria nada com intensidade suficiente para abandonar minha vidinha. Admiro quem se sacrifica em nome de um ideal. Acho que persistência não é um dos meus pontos fortes. Atribuo isso até a autoestima. Como se eu sabendo antecipadamente que não iria conseguir, nem mesmo teria vontade de tentar! Só não sei porque, em alguns aspectos eu não tenho qualquer medo de me arriscar, de dar errado, de tentar de novo. Quando o assunto é cozinha, artesanato ou qualquer coisa que necessite de criatividade, ousadia e trabalho com as mãos, eu me saio muito bem, obrigada! Meu namorado, para implicar, diz que a humildade me acompanha (rs), mas a questão é que a gente tem que saber identificar algumas qualidades pessoais. Quem foi que inventou que é "feio" falar bem de si mesmo?
Pois bem. Quando comento com alguém sobre esta minha vontade nada súbita de mudar radicalmente, eu escuto um "você é tão boa no que você faz". Mas quem foi que disse que a gente só pode ser boa em uma coisa? Já falei há tempos que eu sou inquieta. Talvez eu não tenha errado de profissão, talvez eu tenha apenas me esgotado nela. Tenho 20 anos de carreira e neste tempo me dedicando apenas a ela, tantas outras coisas ficaram para trás. Tantas outras coisas eu tenho para executar... resta saber quais delas eu devo dar prioridade!
Sinto-me aliviada em falar sobre isso.
Percebo, cada vez mais, que realmente preciso fazer alguma coisa. Talvez o que eu esteja buscando nem mesmo seja outra profissão. Note que associamos a trabalho tudo aquilo que tenha amparo acadêmico. Mas quantas outras coisas podem ser feitas sem passar por uma faculdade? Nossa...

Vou começar a pensar seriamente sobre o assunto. Quem sabe assim eu chegue a alguma resposta.

Até breve.

10 comentários:

  1. Hum, por onde deveria começar...?! Acho que pelo começo!
    Para começar, seus textos têm ficado cada vez melhores!!! Muda o assunto, mas a qualidade permanece, melhor, surpreende cada vez mais ("as amigas pira..." rs)!
    Como já discutimos, paralelamente, discordo quando vc diz que não é persistente... Persistência, como disse, envolve motivação... E com motivação, sei bem que vc vai muito além do que eu posso imaginar!
    Vc é tão persistente, que não vai sossegar até se encontrar (ou encontrar o que vc deixou para trás ao longo desses anos!).
    Pois é... isso de não poder falar sobre as próprias maravilhas é meio chato... a gente parece egocêntrico demais... Quando souber quem inventou isso, me avise! rs
    Este post me lembrou alguns amigos, que na época do vestibular não faziam ideia do que queriam (alguns não fazem até hj!)... Me lembrou dos amigos que fiz, na faculdade, que pediam transferência para outros cursos, que chegavam de outros cursos... De amigos, bem sucedidos, que estão sempre com o copo meio vazio... (vide outro texto seu rs), e, se quer ousam pensar em buscar o que faz os olhos brilharem...
    Vc, como formadora de opinião, tem pontuado questões sérias, em alguns momentos, de maneira muito sutil, o que faz com que o leitor se sinta acolhido!!!
    Sua presença, enquanto criadora deste espaço, tem sido interessante e interessada!
    Parabéns!!!
    Beijocas

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  2. Nossa, Pat, fico até envergonhada com seus comentários! São tão perfeitos!
    Uau! Formadora de opinião é ligeiramente assustador, mas é bacana. Sobre a persistência talvez tenha razão. O que faz a diferença entre ser ou não persistente é a motivação pra isso!
    Continuo buscando o que faz meus olhos brilharem... e eu vou encontrar! bjs

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  3. A hora da maior dificuldade é justamente o melhor momento para mostrar nosso valor.

    Passei por várias crises semelhantes nos últimos anos, mas sempre saí delas com uma lição nova para a vida.

    Na infância nos perguntam: o que você quer ser quando crescer? Na mente ainda em contrução da criança, as opções são poucas. O engraçado é que, mesmo depois de crescermos, o imaginário em torno das profissões é o mesmo.

    Não nos enganemos: no mundo de hoje as profissões são completamente diferentes de como eram 50 anos atrás. Atualmente advogado não apenas advoga. Jornalista não trabalha só em jornal. Professor não só dá aula. Médico não só examina. Ter uma visão cristalizada de sua profissão não ajuda. Ser multidisplinar, ter interesse por outras áreas e desenvolver atividades paralelas ao seu "ganha-pão" é, antes de mais nada, uma virtude.

    O problema da visão cristalizada é que construímos uma expectativa da profissão - o nos leva à frustação, o que nos leva a um outro conceito: o mundo real e o mundo das ideias.

    O mundo real é o que efetivamente existe. O mundo das ideias é como vemos e imaginamos o mundo. Quando descobrimos que o mundo é diferente do que imaginamos, ou nos adaptamos, ou negamos o mundo - e tentamos transformá-lo para que ele se adapte às nossas ideias! Como nem tudo pode ser mudado apenas com querer, temos aqui um prato cheio para frustação.

    Ao fazermos uma escolha, abrimos mão do lado bom das coisas que deixamos de lado - e aceitamos o lado ruim daquilo que efetivamente escolhemos. Ou seja: quanto mais opções, pior! Aceitamos o lado ruim de uma profissão e abrimos mão das inúmeras vantagens das áreas que deixamos de lado - mas nesse casa, caímos na história do "copo meio cheio, meio vazio". Tudo vai depender de valorizar ou não o lado bom daquilo que você faz.

    Mais especificamente na área de educação, por mais que o profissão não se sinta valorizado, basta parar e olhar para o lado para perceber o quanto trabalhar em uma profissão de nível superior é um privilégio - ainda mais no Brasil. O país ainda tem muito o que melhorar - e conforme os profissionais de educação recebam o devido reconhecimento - .

    Para terminar: você precisa carregar a paz contigo. De nada vai adiantar mudar de área se você não resolver as questões que lhe inquietam (e que talvez, nem sejam relacionadas com trabalho).

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    1. É, Leonardo, sem dúvida este texto traz importantes reflexões. Concordo quando diz que várias questões podem ser responsáveis pela crise e a carreira está "levando a culpa". Sinceramente não acho que este seja o meu caso, mas vou parar para pensar.
      Seu comentário, como sempre, foi fabuloso. Bem escrito, fundamentado, bem próprio do resultado de uma reflexão. Fico feliz que o blog esteja cumprindo o seu papel, que é o de levantar e expor algumas ideias. Estava sentindo falta da sua participação por aqui! Apareça sempre... seus comentários enriquecem as discussões! bj

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    2. Obrigado pelos elogios - peço apenas que também aponte eventuais inconsistências, pois tenho a chata mania de apelar indevidamente para generalizações!

      Sabe aquela pessoa chata, para quem você diz "passa lá em casa!" e ela acaba indo? Pois é, sou eu. Brincadeiras à parte, vou aproveitar para incluir mais um ponto que acabei esquecendo - e que sempre aplico quendo estou em dúvida!
      Na vida é difícil saber o que queremos. O curioso, é que é muito fácil saber o que não queremos! Dessa forma, podemos tomar decisões ao pensar no que não queremos que aconteça. Por exemplo, ao se perguntar "como eu NÃO quero estar daqui a 5 anos?", você vai formar uma imagem mental - o que vai lhe dar um mapa da mina para evitar desapontamentos futuros. Enfim, é meio confuso, mas normalmente dá certo comigo.

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  4. Crise é um assunto que chama a atenção de tudo mundo, porque se vc não está, no momento, já esteve em outro. Crise é uma coisa tão do ser humano, que se pudéssemos, ficaríamos neste post pra sempre!
    Este rapaz aí, Leonardo rs, sempre traz as melhores contribuições, o que me convida a refletir mais ainda sobre a questão levantada...
    Beijocas

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    1. Só tenho 2 coisas a dizer:
      1 - Crise é o que nos faz andar. A partir dela é que promovemos mudanças.
      2 - Vc e Leonardo foram feitos um para o outro... só não sei como fazem para ver de quem é a vez de falar. kkkk
      se bem que as vezes o silêncio é a melhor pedida! rs

      bj

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  5. Caramba, eu deveria ter lido o meu comentário, antes de enviar... Tem uns errinhos "sem noção".
    Sobre eu e o Leo... pois é... acho que o que nos aproximou, inicialmente, foram as opiniões bem diversificadas a respeito de tudo (estou, com este comentário, tentando capturar o sujeito que inventou que falar bem de si mesmo é ruim rs!)... Depois, foi o silêncio... rs
    Beijocas

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  6. Relaxem, Leo e Pat... vcs sempre arrasam.... roubam a cena!
    Sério mesmo...

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  7. Cris mais uma vez vc foi fantastica!!!!! Sei do q vc fala pq eu deixei minha profissao de designer de interiores depois de anos de dedicacao pq pensei tbm que so poderia ser boa em uma coisa e resolvi seguir outras paixoes. Me formei em Animal Behavior Consultant e agora me dedico ao artesanato no meu Little Miss Owl Atelier e descobri que sim, podemos ser bons em algumas coisas desde que existe a paixao nisso.
    Uma vez escutei uma frase qdo me senti perdida e nunca mais esqueci. "NEM SEMPRE ERRAR SIGNIFICA Q VC NAO ACERTOU". Tente, mude, tudo que fazemos com dedicacao e paixao ja se chama felicidade!!!!! BJS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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